Escrevi este texto originalmente para um grupo de sindicalistas, no qual um membro postou a imagem que uso aqui como ilustração, aparentemente inofensiva e que, conforme ficará aqui demonstrado, não é bem assim...
Espero que sirva para levar você que me lê, homem ou mulher, à reflexão, em especial sobre as atitudes que aponto nele. Pode ser útil, ao menos para quem não gosta de mim, não gostar mais ainda.
Como eu não acredito em santidades, divindades e toda a gama de seres que habitam o imaginário coletivo, para mim ouvir alguém dizer, ou ler uma postagem na internet, de que dia 01º de Novembro é dia de nós homem por ser Dia de Todos os Santos, poderia nada significar. O problema é que tal afirmação traz uma mensagem oculta que serve para relativizar a questão da violência e opressão sobre as mulheres, afinal, se todo o homem é santo, não poderia, esse ser perfeito, oprimir ou agredir quem quer que seja.
Assim, apesar de muitos acharem que dizer que o Dia de todos os santos é o dia do homem, não passa de um mero gracejo, com essa inocente brincadeira acabamos por refletir e fortalecer o machismo da sociedade na qual estamos inseridos, machismo este que, por meio da violência física e psicológica, está a serviço da exploração não apenas da mulher, mas de toda a classe trabalhadora, pois, oprimida a mulher ganha menos que o homem no mercado de trabalho e, assim, serve como elemento para rebaixamento dos salários de todos.
Mas, não é apenas com piadinhas que somos machistas. Quantos são os homens que agora me leem que são violentos e opressores em relação as suas companheiras?! Quantos de nós, por exemplo, não deixamos para nossas esposas, filhas, mães e irmãs a responsabilidade pelas tarefas domésticas? Quantos não deixamos para nossas esposas, as árduas tarefas de zelar pela educação e pela saúde de nossos filhos? (Ou as tarefas domésticas e relacionadas aos filhos são divididas entre todos em sua casa?) Além disso, quantos de nós não criamos nossos filhos homens "para o mundo" e nossas filhas mulheres "para o lar". E em relação aos juízos de valores, não é verdade que achamos “garanhão”, “conquistador”, “comedor”, o homem de muitas mulheres e “galinha”, “vaca”, “devassa”, “piranha”, a mulher que tem ou teve muitos homens?! E a palavra pegador, porque seu masculino é orgulho e seu feminino, pegadora, é usado para ofender. E os palavrões. Ao querer ofender um homem, não xingamos ele, mas sim colocamos em duvida a conduta sexual de sua mãe ou de sua esposa / namorada (filho da puta / chifrudo).
E mais: E nas entidades classistas como somos machistas! Há categorias, por exemplo, predominantemente femininas, como por exemplo, a dos técnicos em enfermagem da rede privada. Em Uberaba, cidade onde vivo, o sindicato nunca foi presidido por uma mulher! E na OAB, como é difícil para as mulheres!
Em suma: Vivemos num mundo machista e todos, homens e mulheres, refletimos o machismo desta sociedade em nossas atitudes. É o que eu chamo de machismo nosso de cada dia, dia após dia.
O que precisamos é identificar nossas atitudes machistas, e até mesmo misóginas, e lutar para buscar superá-las. É uma tarefa difícil, afinal somos condicionados a isto desde tenra idade. Mas acredito ser este é o primeiro passo para tentarmos mudar a sociedade na qual vivemos, para fazer do mundo um lugar melhor para nossa e para as gerações futuras!
Gostei só que acredito que você crê na sua própria existência e na lei senão porque escrever verdade?
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