Quando as leis não são mais suficientes para segurar a insatisfação popular, a PM (que é uma extensão das Forças Armadas) entra em ação para reprimir as lutas dos explorados e oprimidos e garantir a ordem social. Mas uma greve da PM abala o principal alicerce de sustentação de qualquer governo. Tirando o próprio Exército e a Força Nacional de Segurança, não há mais quem chamar para reprimir manifestações e garantir a “ordem social”.
É por isso que policiais militares e militares das Forças Armadas são proibidos por lei de fazerem greves e sua estrutura é totalmente engessada pelo sistema de patentes e hierarquia, que visa eliminar qualquer possibilidade de democracia aos soldados e os obriga a uma subordinação completa aos seus “superiores”.
Mas as contradições que vêm sendo geradas a partir da crise econômica está fazendo ruir a disciplina militar e a hierarquia das forças de segurança.
Portanto, o que está acontecendo neste momento é uma profunda crise de uma parte das Forças Armadas, um aparato que sempre esteve a serviço da contrarrevolução.
Alguns ativistas honestos partem de uma premissa real mas acabam chegando a uma conclusão equivocada. De fato, os policiais militares matam e aterrorizam a população negra e pobre nas favelas, e daí concluem que a greve desses setores tem um caráter reacionário. Alguns mais exaltados vão além postam em redes sociais que as greves são parte de um “ascenso fascista” ou parte de uma “onda conservadora” que varreu o país desde o impeachment de Dilma. Nada mais falso. As reivindicações do momentos é o recebimento do 13º (referente a 2018) e o fim do atraso salarial.
Por isso, nessa luta, precisamos apoiar a mobilização da PM. Justamente por suas contradições, devemos, nos momentos de crise, intervir e buscar ganhar os soldados contra seus chefes, contra o governo e os capitalistas. Voltar contra o governo e a burguesia suas próprias armas e, ao mesmo tempo, exigir da base da PM que não reprima a classe trabalhadora.
Se os sindicatos, o movimento social e os ativistas não apoiarem, abrirão espaço para aventureiros ultrarreacionários como aconteceu na greve dos caminhoneiros e deu força para a eleição de Jair Bolsonaro.
A quebra da reacionária hierarquia militar é fundamental para disputar a tropa para o lado da luta contra os planos de ajuste que estão sendo aplicado e serão aprofundados pelos novos governos estaduais e federal.
Defendemos a desmilitarização de todas as forças de segurança. Isto significa que soldados, policiais e bombeiros devem ter direito de organização, sindicalização e greve. Defendemos também a eleição de todos os superiores nas cadeias de comando. A adoção de medidas democráticas como essa já apontaria para a própria extinção da Polícia Militar.
Acreditamos que essa atual polícia deve acabar e ser substituída por uma polícia única, de caráter civil e comunitário, com direito à sindicalização e greve, com comandantes eleitos pela base da corporação e estreitamente ligada a população.
Texto escrito a partir de extrato de publicação do PSTU do Rio de Janeiro, publicado em https://www.pstu.org.br/e-preciso-apoiar-a-greve-das-pms-e-organizar-a-autodefesa-da-populacao/.
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